Bem-vindo ao WE CAN DO IT!

O QUE É?, O QUE PENSAM?, O QUE SENTEM?

por Isabela Sefarim, Mariana Amorim, Naiara Wagner, Ricardo Archilha e Thalita Mota

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O WE CAN DO IT! é uma reportagem online que investiga a prática do machismo dentro do mercado de trabalho, assim como a luta feminista neste sentido. Através dos alicerces “o que é”, “o que sentem” e “o que pensam” tentamos esclarecer um pouco sobre o assunto no Brasil e no mundo, trazendo além de dados e números, experiências pessoais em diversas plataformas multimídia. O blogue foi concebido para a matéria de Jornalismo Digital da Faculdade Casper Líbero, com supervisão do professor Renato Rovai.

FORMAÇÃO: UM TRABALHO NECESSÁRIO

O QUE É?, O QUE PENSAM?, O QUE SENTEM?

 por Ricardo Archilha

Um dos campos mais importantes na conscientização da luta feminista é a (in) formação. No Brasil, por exemplo, contamos com a SOF, Sempreviva Organização Feminista. Parte do movimento das mulheres brasileiras em âmbito internacional, a ONG atua desde o anos 1980. As atividades educativas não tem distinção: mulheres rurais e urbanas, negras, indígenas e jovens ou velhas; todas estão convidadas.

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A expressão de ser da SOF está no tripé movimento social + transformação + feminismo. A trajetória combina desde atuação em assessoria até organizações, passando por movimentos sociais e órgãos de governo. O trabalho sempre tem em mente a formação para o fortalecimento do movimento, partindo do pressuposto de que é fundamental ampliar o número de mulheres em lideranças, com capacidade de serem multiplicadoras de processos formativos em diversos âmbitos. A alteração da relação desigual entre mulheres e homens na sociedade brasileira também funciona como umas das frentes número 1. A exclusão pela renda social é outra batalha importante, já que as mulheres pobres estão fortemente excluídas, tanto ao acesso à renda e à riqueza social, quanto aos processos de direção política da sociedade.

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Partindo da reflexão da experiência e trajetórias de cada participante do grupo, combinada com reflexão teórica, a SOF tem construído uma abordagem que reflete sobre a relação entre as relações econômicas, a cultura patriarcal e a violência contra as mulheres como um elemento estruturante dessas relações. Colocar a perspectiva da construção de autonomia econômica e pessoal se torna um eixo estratégico para uma atuação que abarca essas dimensões de forma integral.

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O fortalecimento da autonomia das mulheres e sua presença como sujeito político na projeção de novos modelos de sociedade conjugam-se com uma perspectiva de que o processo de organização dos movimentos sociais é fundamental na construção de uma nova dinâmica de relações sociais. É dentro desses parâmetros que, como parte do movimento de mulheres, a SOF busca consolidar a Marcha Mundial das Mulheres como um movimento internacional que está inserido nas dinâmicas locais, com uma pauta nacional, e em diálogo com campanhas e movimentos com orientações próximas.

“Não se nasce mulher: torna-se”.

Simone de Beauvoir

A diretoria da SOF é composta por: Táli Pires de Almeida, Marilane Oliveira Teixeira, Maria Luiza da Costa, Beatriz Costa Barbosa, Vera Lúcia Ubaldino Machado e Denise Gomide Carvalho.

(Imagens: Marcha Mundial das Mulheres | Facebook)

ROMPENDO AMARRAS: RESISTIR É PRECISO

O QUE É?, O QUE PENSAM?, O QUE SENTEM?

 por Thalita Facciolo

“Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância”, Simone de Beauvoir.

 

 Todo ano, em diversas cidades do Brasil e do mundo, mulheres e apoiadores saem às ruas para gritar e expressar a indignação com suas amarras advindas da sociedade patriarcal. A visibilidade e o palco para o crescimento da pauta são chaves do ato de rua, que, neste caso, busca iniciar ou continuar o pensamento crítico acerca do machismo. A Marcha das Vadias, movimento internacional de mulheres, começou em janeiro de 2011, no Canadá, quando o policial Michael Sanguinetti disse às jovens da Universidade de Toronto que estavam amedrontadas por uma onda de violência sexual no campus que “as mulheres devem evitar se vestir como vadias” para que não sejam vítimas de estupro. Em 3 abril daquele ano, três mil pessoas saem as ruas de Toronto dando início à Marcha, que foi batizada com o termo usado pelo policial justamente para resignificá-lo e defender que a vítima da violência sexual não pode ser responsabilizada pelo crime contra ela.

A Marcha das Vadias levanta a bandeira da autonomia da mulher sobre seu corpo

A Marcha das Vadias levanta a bandeira da autonomia da mulher sobre seu corpo

 

No Brasil, a primeira marcha aconteceu pela primeira vez em 4 de julho de 2011 na cidade de São Paulo e, desde então, é um movimento feminista anual. São mais de 25 cidades organizadas para marchar nas terras brasileiras, como Fortaleza, Recife, Vitória, Rio de Janeiro, João Pessoa, Londrina e Cuiabá. O senso comum prega a ideia de que vadias são mulheres que agem de acordo com seus mais diversos desejos, especialmente os sexuais, como se o respeito a que ela se dá fosse determinado por esse fator. O feminismo e a Marcha defendem a autonomia completa dos desejos das mulheres.

“Se ser vadia é ser livre, então todas somos vadias”, frase muito estampada dos cartazes e bocas da Marcha

“Se ser vadia é ser livre, então todas somos vadias”, frase muito estampada dos cartazes e bocas da Marcha

O machismo é uma opressão bastante disfarçada e muitos de seus fatores são tidos como “naturais” pela sociedade. A culpabilização das vítimas da violência sexual, a construção do gênero nas crianças, a ditadura da beleza e a dicotomia “puta x vadia” são algumas das amarras as quais as mulheres são sujeitas e perseguidas dentro do corpo social e que a militância feminista e a Marchas das Vadias luta pela desconstrução.

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CRÍTICAS À MARCHA NO BRASIL = a despolitização do termo “vadia”

A discussão sobre o termo é bastante avançada e seu fundamento é válido justamente pela impressão de outro sentido na palavra, um gancho na luta pela desconstrução do patriarcado nas esferas da sociedade. Mas há muitas críticas ao termo e, consequentemente, ao caráter da Marcha das Vadias no Brasil. A militante feminista Isadora Szklo, do Coletivo RUA – Juventude Anticapitalista, opina na entrevista abaixo e contextualiza o movimento na direção às diferentes classes sociais.

THALITA FACCIOLO: Uma das principais bandeiras destacadas na Marcha é a toda a violência contra a mulher, principalmente a sexual. Qual a sua opinião sobre o termo “vadias” no nome, tendo em vista o objetivo do movimento de atingir mulheres de todas as classes sociais? Acredita que o termo assusta?

ISADORA SZKLO: Existem algumas problematizações importantes a serem feitas com o termo “vadia”. Dá pra dizer, por exemplo, que essa reapropriação positiva da palavra, numa tentativa de transformá-la de termo pejorativo é negativo, não funciona na prática. É claro que a língua é algo dinâmico que se transforma juntamente a sociedade, mas essa transformação não costuma vir de forma tão politizada quanto seria necessário. Por exemplo, a ofensa “viado”, hoje, perdeu boa parte de sua conotação homofóbica, mas continua sendo uma ofensa.  Fora isso, a questão mais importante é tática, no sentido de que, justamente por se tratar de um termo altamente ofensivo, uma marcha que leva esse nome deixa de atrair uma série de mulheres que não gostariam de ser associadas com a palavra “vadia”, por variados motivos. Sabemos que toda a discussão sobre o termo é bastante avançada, mas em alguns estados, como SP, essa discussão não é feita com o conjunto da população, mas foca-se mais em locais como universidades e bairros mais centrais, ou seja, foge da mulher da periferia, que, ao não participar do debate, não é atingida pelo objetivo do movimento.

 

TF: Em gancho na pergunta anterior, acredita que a Marcha se restrinja a uma parcela de mulheres da sociedade? Se sim, por que isso acontece?

ISADORA SZKLO: Como falei, o debate sobre o termo vadia e a necessidade de se reapropriar dele, ou até mesmo o debate da violência e do estupro não é um debate feito com o conjunto da população, mas com mulheres de uma esfera social muito restrita. Pensamos que, então, a Marcha das Vadias acaba sendo composta, em grande parte, por mulheres brancas e da classe média. Apesar dessas mulheres também sofrerem com a violência cotidiana, seria mais interessante realizar uma marcha que contasse com a construção de mulheres negras, pobres, da periferia, enfim, grande parte das mulheres brasileiras, que são grandes vítimas da violência. Um coletivo de mulheres negras dos Estados Unidos soltou uma nota sobre a Marcha das Vadias (Slut Walk) há cerca de dois anos atrás problematizando o uso do termo “Slut”, que se referia pejorativamente não só à mulher, mas principalmente à mulher negra. É muito custoso pra mulher que sempre foi atingida por uma ofensa passar a se apropriar dela. Acreditamos que o processo é bem mais longo e passa por uma série de desconstruções bem maiores do que é colocado pela Marcha, e por isso, ela acaba por restringir essa parcela de mulheres da sociedade, num caráter de classe e de raça.

TF: Além da visibilidade do ato em rua, quais outras formas você enxerga para desenvolver o pensamento crítico na mulher brasileira acerca de todas as amarras?

ISADORA SZKLO: A visibilidade em atos de rua são de extrema importância pro crescimento das pautas da esquerda no geral, e não foi diferente com o feminismo após o surgimento da Marcha das Vadias. Mas é importante que organizações e coletivos saibam se articular pra além deles, promovendo debates em seus locais de atuação, disputando a consciência daquelas que ainda não desenvolveram tal pensamento crítico. Daí a importância do feminismo coletivo, entendemos que a emancipação das mulheres se dará através da organização coletiva, caso contrário, se dará de forma extremamente hierárquica, como se fosse o dever da mulher, individualmente, emancipar a outra. O debate coletivo é essencial por isso. Além disso, é importante disputarmos espaços que temos na mídia, em grandes campanhas, mas sempre pensando qual é a melhor tática de disputa, pra que esse espaço seja ganho da melhor maneira possível. Até o Facebook é uma ferramenta extremamente importante de disputa, hoje em dia. Enfim, são várias alternativas, mas todas elas envolvem essa necessidade diária da construção do feminismo coletivamente. Nas palavras de Rosa Luxemburgo, quem não se movimenta, não sente as amarras que o prendem.

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Fotos por: Thalita Facciolo / Marcha das Vadias 2013 – São Paulo (SP)

Algumas feministas…

O QUE PENSAM?, O QUE SENTEM?

  por Naiara Wagner

Há diversas feministas que marcaram a história mundial através de suas batalhas em defesa dos direitos das mulheres. A década de 70 foi uma época de efervescência deste grupo, tendo sido pano de fundo de várias atitudes importantes das mesmas. Conheça três delas:

Andrea Dworkin, escritora americana, esteve por trás de importantes lutas contra a pornografia. Ela associava tal prática às praticas de estupro e de violência, no geral, contra a mulher. Sua atuação teve ápice nos anos 70, quando ganhou visibilidade nacional por ser oradora do movimento feminista antipornografia. Escreveu renomadas obras sobre o tema, à exemplo de “Pornography: Men Possessing Women e Intercourse”.

Kate Millett, também escritora americana, se colocava, também, contra à pornografia. Sua obra mais conceituada é o livro “Política Sexual”, publicado em 1970. O livro trata da política patriarcal de controle da sexualidade feminina nos séculos XIX e XX, e passa pelo campo da literatura, pintura e políticas públicas relacionadas a maneira como a mulher era enxergada pela sociedade.

Valerie Solanas, também americana, é conhecida como uma das feministas mais radicais de seu tempo. De orientação homossexual, Valerie escreveu o livro “SCUM Manifesto”, no qual incentiva a criação de uma sociedade regida por mulheres, ausente de qualquer interferência masculina. Defendia a tese de que o homem seria uma mulher “incompleta”, tendo a necessidade constante de ter uma mulher ao seu lado para se realizar como ser humano.

Afinal, o que sentem as mulheres?

O QUE SENTEM?

por Mariana Amorim

Que o machismo existe: nós já sabemos. Que o machismo é chato: nós também sabemos. Que o machismo é retrógrado: estamos carecas de saber. Mas, quais acontecimentos ilustram essa prática?

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Século XXI, e cá estamos, homens e mulheres brasileiros, vivendo em um país sub-desenvolvido, que cresce rapidamente e se desenvolve a duras pernas década a década. Há 50 anos, estava minha vó, provavelmente a sua também, sendo dona de casa e cumprindo princípios básicos com lavar louças, passar roupas, cuidar dos filhos e do marido, cozinhar impecavelmente, ser zelosa e cuidadosa. Filhos, esposos, pais, qualquer homem que fosse, não poderiam fazer nada que fosse tarefa de uma dona de casa.

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Os anos se passaram e por uma infinidade de motivos, as mulheres saíram de suas casas para desbravar as inúmeras possibilidades que o mercado de trabalho oferece. Independente das motivações, as mulheres estão atuando em suas profissões. Desde empreender em seu próprio salão de beleza em um bairro de periferia à ser diretora de uma empresa multinacional.

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O que poucas pessoas sabem, inclusive as mulheres, é que o machismo está (infelizmente) enraizado na memória coletiva do brasileiro. Mesmo com mudanças estruturais no mercado de trabalho em relação à mulher, jovens profissionais continuam sendo vítimas e/ou já presenciaram atos de preconceito em seus ambientes de trabalho.

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Fizemos uma pesquisa direcionada às mulheres, divulgada nas redes sociais, para saber ao que são rejeitadas estas mulheres. As respostas das moças, obviamente, é anônima e decidimos dividir com vocês as respostas mais marcantes, a fim de escancarar frases e até mesmo “brincadeirinhas” que mulheres tem de ouvir todos os dias em seus trabalhos.

A seguir, declarações de mulheres que já sofreram explicitamente com o preconceito e o machismo no trabalho.

5 6 7 8A desvantagem profissional mais gritante que as mulheres, segundo a pesquisa, sentem em relação aos homens:

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Atualmente muitas mulheres exercem cargos altos em empresas de grande porte e em diversos momentos o salário é apontado como principal diferente. Porque homens devem ser melhor remunerados, sendo que exercem os mesmos cargos que mulheres? O relato de uma grande profissional, que lida com isso você confere neste post.

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A boa notícia é que, de acordo com nosso levantamento e também com a garra que vemos diariamente em nossas mães, amigas, tias e outras mulheres, elas ainda tem esperanças e se sentem otimistas com o futuro profissional. Que bom!

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As mulheres no mercado de trabalho: ontem e hoje

O QUE É?

por Isabela Serafim

A história das mulheres no mercado de trabalho se relaciona diretamente com a antiga luta pelos direitos iguais entre os sexos. O sentimento feminista nasceu na Europa, no século XVLLL, quando, em meados de 1730, escritoras e artistas, como Olympe de Gouges, Poulain de la Barr e Mary Wollstonecraft se manifestaram escrevendo livros e artigos sobre o assunto. Em seguida, durante a Revolução Francesa de 1789, houve um movimento de mulheres que denunciou abusos e debateu sobre a inferioridade da posição feminina no país.

Esse embrião feminista foi crescendo no decorrer dos séculos e chegou ao Brasil definitivamente no século XX, com a luta pelo direito de voto das mulheres. Depois de muitas reinvindicações, o Código Eleitoral elaborado em 1933 estendeu o direito ao voto e a representação política às mulheres. Em 1943, no governo de Getúlio Vargas, foi a vez da Consolidação das Leis de Trabalho – Legislação Trabalhista, também de proteção ao trabalho feminino.

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A incorporação da mulher no trabalho assalariado, tradicionalmente masculino, ocorreu pela primeira vez durante a Primeira Guerra Mundial e se acentuou durante a Segunda, diante da ausência de trabalhadores masculinos que estavam na frente de batalha como soldados.

Essa realidade demandou por certa igualdade e foi o ponto de partida de teorias que explicam uma forte correlação entre a incorporação da mulher ao trabalho assalariado e uma queda da taxa de natalidade. Da mesma forma que há uma correlação entre a situação e o aumento das vendas de eletrodomésticos, que permitem à mulher uma menor dedicação às tarefas de casa tradicionais. A partir dessa grande inserção no mercado de trabalho, elas continuaram com a luta por direitos iguais, ocupando cargos inferiores e ganhando salários menores que os homens.

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Nas décadas de 1960 e 1970, o feminismo eclode na Europa e nos Estados Unidos bastante impulsionado pela efervescência política e cultural dessas regiões. Na época, os valores conservadores da sociedade foram colocados em xeque – e é neste contexto que o livro “O segundo sexo”, de Simone de Beauvoir, é discutido, junto com as americanas se despedindo dos sutiãs em praça pública.

No Brasil, em meio à ditatura militar, houve uma forte movimentação feminista dentro da corrente comunista dos jovens da época – em uma luta por igualdade e direitos. A década de 1980 foi bastante promissora para as feministas. Nas universidades, a questão feminina se tornou objeto de estudo.

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Em 1981, foi ratificada pelo governo brasileiro a “Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher”, firmada pela ONU em 1967. Ficou acertado o compromisso de eliminar todas as restrições contra a mulher trabalhadora.

Algumas empresas e órgãos passam a aceitar a mulher como parte integrante do quadro de funcionários. São exemplos dessas empresas e órgãos a polícia civil e militar, a Academia Brasileira de Letras e a Petrobrás. Em 1982, Berta Lutz, considerada pioneira no feminismo brasileiro (ao lado de Nísia Floresta), fundou a “Federação Brasileira pelo Progresso Feminino”, que lutava pelo voto, pela escolha de domicílio e pelo trabalho de mulheres sem autorização do marido.

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Hoje, a luta feminista continua, cada vez mais forte e consistente, focando em igualdade (de posição e salário) no mercado de trabalho e punição perante diversas formas de violência feminina, físicas e psicológicas. Pam Grossman, diretora de pesquisas visuais da Getty Images, um dos maiores bancos de imagem do mundo, afirmou, em passagem pelo Brasil na última semana do mês de Maio, que atualmente a imagem da mulher evoluiu para uma versão mais madura, intelectual e executiva em uma perspectiva mundial. As coisas mudaram, estão se transformando – já fizemos muito, mas, o caminho ainda é longo.

 

Fotos: Getty Images